domingo, 16 de setembro de 2012

HOMEM-PEIXE

Pulou para fora do aquário
 Rastejou-se no carpete
 Procurou um mar imaginário
 Sem que ninguém soubesse. 
 Rolou da escada 
Querendo alcançar a rua
 Chegou até a escada
 Saiu embaixo da chuva. 
Seguiu pegadas 
Deixou vestígios 
Descamou-se em estradas 
De delírio.
 Atravessou pistas 
Chafurdou na lama 
Prejudicou as vistas 
Machucou as barbatanas. 
Mergulhou em poças 
Refugiou-se no cais do porto
 Esbarrou em louças 
Sem nenhum conforto.
 Buscou um barraco 
Um pedaço de vitirne 
Uma peça de teatro 
Um roteiro de filme. 
 Um conto Uma canção 
Ficou sem ponto 
Sem noção. 
Nada encontrou 
Nem mesmo um tema
 Só se encaixou
 Neste poema 
 (Márcio Rufino)


Conheci virtualmente este poeta maravilhosos (a net permite estes encontros incríveis)em visita  blog de Marcio Rufino: http://emaranhadorufiniano.blogspot.com.br/. Tem muito mais coisas boas por lá.

Aqueleabraço Marcio Rufino.

sábado, 1 de setembro de 2012

O GRUPO TRAPOS CAMINHA

Este ponto do caminho em que o Grupo Trapos se encontra tem se revelado um espaço de muitas descobertas. O encontro com as pessoas que formam as plateias e somam-se a nós nesta caminhada vem sendo transformador. Todos os seres humanos envolvidos neste processo – palco ou plateia - estão descobrindo seu amor a esta arte, porque estão compreendendo que arte e vida estão imbricadas, são irmãs siamesas que se alimentas com as mesmas entranhas. Antonin Artaud disse que “O teatro agita sombras nas quais a vida nunca deixou de tremular.”..., e isto é muito verdadeiro, pois são estas sombras que o Grupo Trapos vem agitando nos bairros, nos espaços diversos onde estão estes seres viventes, onde se tem conseguido acessar tudo aquilo que é humano e que sobrevive à sombra do autoritarismo dos meios de comunicações intransitivos, imperativos e mentirosos.
Fotos do espetáculo na UCP em Pitanga, em 31/08/2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

COMPREENSÃO

Estou começando a descobrir esta palavra. É toda onomatopaica, visual, cheiro macio, comível, digerível... É preciso degustar bem na boca. É preciso que penetre na corrente sanguínea. Depois ela sai pela ponta dos dedos, pelos cotovelos, joelhos, poros..., bem flexível. Ai a gente começa a modelar usando os cinco sentidos. Se a consoante inicial for bem esticadinha, tal qual uma meia-lua, ela abraça o mundo. A outra consoante sobe, desce, mamulengando, preparando o próximo pulo, impulso. E cai rodopiando em espiral, que se estica, estica... E vira som...são... Vira megafone. E quanto mais a gente mexer, brincar, formar bola, esticar em tiras, em cordas de pular, mais maleável e grudadeira das coisas do mundo ela fica.

sábado, 30 de junho de 2012

CHIMARRÃO,CUZCUZ E CAFÉ

Edivaldo Pedro e a doce pequena Risoneide, juntamente com o mais pequenininho da trupe, todos com aquele falar que revela trejeitos atávicos daquele poeta paraibano do absurdo, chegaram neste rancho que conserva ainda a sonoridade milongueira do pampa gaúcho, trazendo um cheiroso vaso de hortelãs para enriquecer o chimarrão das manhãs e também um pote de cuscuz, fumegante, amarelinho, deliciosamente preparado para ser saboreado com um café recém coado. Vejam só que maravilha! Coisas deste querido cumplice de poesagens e vagabundias nos palcos deste noroeste paranaense. ...E, neste embalo, o Trapos pretende cantar e contar nestas terras vermelhas, mais uma história com cheiro irresistivelmente preto de café recém coado, sabor amarelinho de cuscuz delicioso e melodia verdejante da água quente de encontro ao porongo moreno, curtido pelas longas mateadas deste encontro brasileiríssimo. Aqueleabraço para o dramaturgo Zé Maria Rodrigues.

domingo, 17 de junho de 2012

Festival de Teatro de Paranavaí

O Grupo Trapos esteve participando durante a semana de 02 a 09 de junho do 7º Festival de Teatro de Paranavaí, onde levou ao palco a peça O Caixeiro da Taverna de Martins Pena. Tivemos uma semana muito intensa, com muitas oficinas, debates e espetáculos vindos de diversas cidades do estado do Paraná, São Paulo, Rio de janeiro, Maranhão e Sergipe, aliados a uma recepção e organização impecável por parte das equipes responsáveis pelo evento: Fundação Cultural e Serviço Social do Comércio (Sesc) Paranavaí. Voltamos com mais bagagem, pois trouxemos muitas ideias e inspiração para novos projetos e certeza de que vamos tirar da gaveta os projetos antigos. Vamos, agora com redobrada energia, retomar a caminhada em busca da melhor forma de fazer e expressar a nossa arte aqui nestes longes ou em qualquer palco que possamos pisar. A experimentação artística é vital para cada um de nós. Ainda que tenhamos que nos dedicar a outras profissões para garantir o sustento, o abrigo e o conforto para os nossos corpos, não resta dúvidas que o que nos faz respirar com mais vontade é a arte, é o teatro..., são estas possibilidades incríveis que se descortinam neste contexto.

domingo, 6 de maio de 2012

HAMLET MACHINE: o não ser do ser

Texto de Heiner Muller,direção Carlos Soares, no último sábado, 5 de maio, nos espaços do SESC de Campo Mourão. Tão incomodativo quanto o mundo contemporâneo. Até permite acomodação, mas é perigoso... Belo trabalho Carlos Soares e grupo.

Grupo Trapos

Aqui neste video do youtube temos uma pequena retrospectiva da Cia Mamborê de Teatro, onde foram registrados alguns trabalhos realizados até 2009. A partir de 2011, após a estréia da peça O Caixeiro da Taverna, esta Cia mudou de endereço, de nome e sobrenome, mas continuou com a mesma formação. Esta mudança se deu pela carência de um espaço adequado para a realização de ensaios na cidade de Mamborê e ao convite da FUNDACAM para que o grupo passasse a utilizar o espaço do Centro de Ação Teatral do município de Campo Mourão. Assim sendo, a Cia juntou os restos dos figurinos, cenários e adereços espalhados por ai, rumou a passos largos para a cidade vizinha, adotou o nome de Grupo Trapos, depindurou os figurinos em cabides adequados, organizou os cenários, adereços em prateleiras bem cuidadas e atualmente cumpre uma agenda de espetáculos pelos bairros e demais comunidades de Campo Mourão, com todo o apoio técnico e logístico de sua Fundação Cultural. E que venham os palcos, as histórias, as memórias, que surjam as conversas,os gestos, os olhares e os silêncios repletos, que brotem os versos, pelo avesso, reverso ou adverso... e não o contrário disso.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Maria Fodida


Maria D´ajuda nunca soube o que era livros, mas página por página daria uma coleçãode romances sujos.


De capa dura passou a vida a ferro frio e de mão em mão, mas ninguém sequer sabia se aquecia o seu coração.


De peito mole amamentou os bastardos perdidos em sua cama e desde sempre chorou este leite coalho derramado.


Puta desalmada desamou todas as almas penadas que assombraram seu seu colchão.


Como fodia essa fodida sem gosto pela vida. De manhã de tarde de frente de lado por trás, de tudo quanto é jeito e com tudo quanto é gente. De menino travestido de homem de homem metido a menino.


Pegou e largou tudo quanto é doença que os vermes transmitem na nota suja do dinheiro.


Por prazer se dava pela metade. Por bebida e riso falso se dava por inteiro. Por amor? Nem fodendo.


Sem filhos, Maria fodida era uma puta velha filha da puta, que não admitia que era uma velha puta que o mundo sem pai, gozado e sem gozo, paria.


Não morreu de gonorréia porque usava camisinha, mas como não tinha cobertor de orelha morreu sozinha atolada numa poça funda de lama.


Uma Faca de um cafetão café com leite e sem açúcar cortou a sua voz com um risco do pescoço à orelha e o sangue molhou suas palavras esvaziou suas veias.


Mas para quem tinha sífilis na alma, o que era uma buceta a mais na cara?

SÉRGIO VAZ


Sérgio Vaz é poeta, escritor e agitador cultural; um educador que acredita profundamente que um outro mundo é possível. Ele fundou uma associação chamada Cooperifa,um movimento cultural de resistência na periferia, que promove a literatura e a arte periférica de Taboão da Serra - SP, a chamada Literatura Marginal.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Encantamento


O estranhamento diante da diferença não precisa ser vivido na forma do racismo; é possivel vivê-lo como ENCANTAMENTO! O preconceito - ou sua negação - são aprendido na cultura. (Fonte: Facebook - Dênis Petuco)