sábado, 30 de julho de 2011

Reflexões sobre teatro

Estou curtindo a minha primeira licença especial como professora de escola pública e aproveito este período de folga da sala de aula para fazer algumas leituras sobre o teatro, outra atividade a que me dedico. Não se trata de uma atividade profissional no sentido próprio da palavra, mas pode tornar-se, cada vez mais, uma atividade “esteticamente profissional”. E para isso é preciso reflexão e experimentação com base nas diversas teorias sobre arte cênica e o trabalho do ator.
Durante esta semana li muitos escritos sobre o teatro e a política, retomando os materiais que trouxe do Centro do Teatro do Oprimido, onde estive em 2008 e outros materiais oriundos da oficina ministrada por Ney Piacentini, Cia Latão de São Paulo. Oficina esta que se deu no FETACAM do ano passado.
Falando de teatro e política se fala de Bertold Brecht e Augusto Boal. Estes dois teóricos discutem profundamente esta relação e revelam em seus escritos que o teatro é sempre político. Esta atitude política no teatro tanto pode ser paralisante como pode ser inquietante. O teatro pode ser mecanismo de acomodação quando seduz as plateias a consumir mensagens ou verdades, atrofiando a percepção; ou pode provocar transformações quando acontece no diálogo entre recorte da vida em cena e o espectador na plateia.
As teorias Brechtianas floresceram em meio à ascensão do movimento operário na Europa, a partir de 1920, em um período de transição social. Sua proposta estética com base no materialismo dialético vem desconstruir o teatro ilusionista, fazendo uma analogia entre palco e vida social. Para Brecht a cena teatral narra um acontecimento e o espectador deve manter uma atitude crítica em relação a esta narrativa. Desnudando o palco italiano e revelando a sua maquinaria, Brecht propunha desvendar os mecanismos de alienação que constituem a sociedade capitalista.
Já Augusto Boal começa a sistematizar as suas ideias em meio à turbulência da ditadura militar no Brasil e América Latina, e surge a partir dai O Teatro do Oprimido, método que busca a transformação pessoal, política e social do ser humano, revelando, através do teatro, as formas dissimuladas de dominação e exclusão social, provocando o espectador, ou espect-ator como denomina Boal, a agir no momento mesmo da cena, propondo soluções ou debatendo questões.
Tanto Brecht como Boal teorizam sobre a plateia, o espectador, e buscam a transformação da sociedade através do teatro, porém por caminhos diferentes: o primeiro permaneceu no palco italiano; o segundo retirou o teatro do palco italiano e o devolveu aos meios populares para ser "usado por todos aqueles que se enquadrem na categoria de oprimidos, sejam operários, camponeses, mulheres, negros, homossexuais" (Boal, 2005).
Acabo de adquirir o último livro de Augusto Boal - A Estética do Oprimido. Neste trabalho de pesquisa o autor dedicou seus últimos anos de vida, sendo lançado em setembro de 2009, após o seu falecimento em maio deste mesmo ano.O brasileiro Augusto Boal é um dos nomes mais reconhecido e respeitado do teatro contemporâneo e desenvolveu suas pesquisas e experiências teatrais em diversos países pelo mundo afora.
Esta devera ser a minha leitura nas próximas semanas de férias especiais.

domingo, 24 de julho de 2011

Hoje é domingo, pede...

...uma xícara colorida com uma fumegante mistura de café, leite e canela, acompanhado de uma boa leitura impressa. O desjejum mais prolongado da semana é uma pequena felicidade de uma manhã de domingo.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Susto de uma noite de verão

No avesso do dia,
sob um chapéu de estrelas pirilampas,
a coruja pousa na morna pedra de dezembro
e executa um solo lúgubre
que estremece a sonolenta planície.