quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Hailey Kass: A genitalização das pessoas e dos relacionamento

Super gosto do que esta menina escreve, mas quero republicar em especial este post retirado de: http://generoaderiva.wordpress.com/2013/05/05/a-genitalizacao-das-pessoas-e-dos-relacionamentos/ , porque acho que é bem por ai mesmo.

Publicado em
[Aviso de conteúdo: Esse texto usa certos termos para identificar genitais de pessoas trans*; faço uma ressalva que nem todas as pessoas trans* se sentem confortáveis com tais nomenclaturas, havendo aquelas que se sentem empoderadas e aquelas que sentem disforia. Esse texto parte da visão de uma mulher trans* queer que se sente empoderada em identificar o próprio genital com certos termos].
Muitas pessoas me perguntam no ASK se elas têm preconceito porque não se relacionariam com mulheres ou homens trans*, sempre fazendo alusão ao genital. Muitas acham que defender a não-genitalização dos relacionamentos é fazer condicionamento de sexualidades. Nada poderia estar mais longe do que isso. O único condicionamento que consigo perceber nisso é a ideia de que o genital é uma categoria fundante das relações interpessoais. Que se um genital não condiz com as minhas expectativas de gênero da pessoa com a qual eu quero me relacionar, isso é um motivo legítimo para eu ignorar todos os meus sentimentos afetivos (e sexuais) pela pessoa e não me relacionar com ela. Vou dar alguns exemplos:
1. Expectativas físicas gerais ocorrem em vários casos com pessoas que não são trans* e isso é considerado preconceito (ou deveria…)
Imagine que você na internet, conhece aquela pessoa maravilhosa e conversa horas, dias, semanas com ela, super se interessa, seus gostos tem tudo a ver, afinidade ideológica etc. De repente, quando você a encontra pessoalmente você verifica que:
a) ela é gorda; b) com alguma deficiência; c) negra
Então você escolhe não se relacionar com ela. Isso seria gordofobia? Capacitismo? Racismo? Se o motivo pelo qual você escolhe não se relacionar com uma pessoa é um atributo físico (nesse caso não esperado), prezada pessoa, você tem preconceitos que precisam ser trabalhados.
2. Expectativas físicas específicas com genitais ocorrem em vários casos com pessoas que não são trans* e isso é considerado preconceito (ou deveria…)
Agora, imagine a seguinte situação: Você mulher heterossexual, conhece aquele homem cis super legal que te atrai (feminista :P), tem boa conversa, afinidades etc. Conversam por dias, semanas. Posteriormente você fica ciente do seguinte:
a) ele tem um micropênis e/ou; b) ele é impotente ou; c) tem o genital mutilado/perdido por algum fator (existem vários casos do tipo).
Você deixaria de se relacionar com uma pessoa assim? Voltaria atrás nos seus sentimentos, em toda construção romântica que você criou durante o tempo que vocês estavam juntxs, por causa do genital desse homem? Da mesma forma, um homem hétero deixaria de relacionar com uma mulher cis que tivesse perdido os seios, por exemplo?
3. Mas e o prazer?
Eu sempre digo que sexo é infinitamente muito mais do que só penetração. O que as pessoas chamam de “preliminares” eu considero sexo; até porque, vamos combinar, quem é que nunca achou uma gozada por sexo oral ou masturbação muito melhor do que sexo penetrativo? Eu particularmente acho :D
Há muito mais além do arco-íris gente, existem inúmeras formas de dar e receber prazer que não precisam envolver penetração. Acontece que estamos tão centradxs no sexo dos filmes pornôs que queremos mimetizar aquilo como se fosse a melhor coisa do mundo (dica: não é. Por exemplo, puxar cabelos e usar seios como se fossem botões de máquinas de lavar – isso não é um padrão amigxs, tem gente que gosta; tem gente que odeia). Ainda, se o sexo penetrativo for tão importante, tem zilhões de dildos, pênis de borrachas, próteses, e afins que servem pra isso. O que acontece é que colocamos uma importância tão grande nos genitais “originais” que esquecemos que o “objetivo”, digamos, do sexo é dar prazer, te fazer sentir bem (e ser consensual não vamos esquecer).
4. Homossexualidade não requer simetria genital.
E nem heterossexualidade requer assimetria genital. Se eu sou uma mulher trans* que não fiz cirurgia genital e possuo um pênis, e me envolvo com uma mulher cis, é obvio que nossos genitais não serão simétricos, mas isso não deixa de ser uma relacionamento lésbico. O mesmo acontece com um homem hétero cis que se relacione com uma mulher trans* com pênis. Genitais simétricos, mas heterossexualidade. Ainda, poderia haver simetria genital com homossexualidade no caso de duas mulheres trans* lésbicas ou dois homens trans* gays.
Quando retiramos dos genitais essa importância que damos fundante das nossas relações, e retiramos essa “verdade” última das identidades (sou gay então gosto de pênis; sou lésbica então gosto de vulvas etc.) e desconstruímos essas ideias limitadas que relacionam genital-gênero-sexualidade-relações, percebemos que existe um número infinito de configurações aí fora. Só precisamos abrir a mente nos deixarmos levar sem preconceitos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Teatro nos bairros de Mamborê

Terá início neste 10 de agosto , sábado, um novo projeto do Grupo Trapos em conjunto com o departamento de cultura do município de Mamborê.  Este projeto levará o espetáculo  O Caixeiro da Taverna aos bairros da sede do município, a exemplo do que já aconteceu em anos anteriores nos bairros da zona rural, e a programação terá início sempre as 14:00 horas, contando com oficinas de iniciação teatral  dirigida a pessoas acima de 14 anos, ministrada pelos integrantes do Grupo Trapos, e oficinas de leitura com contação de histórias, sem limitação de faixa etária, oferecida pelo Comboio Cultural (biblioteca itinerante) do município. A peça O Caixeiro da Taverna, de Martins Pena, direção Carlos Soares, será levada ao palco, improvisado nas ruas ou em espaços comunitários de cada bairro, sempre às 20:00, conforme o calendário de eventos do município.