sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Um Beatle: Paul McCartney

 


Era eu uma adolescente quando a banda Beatles apareceu na minha vida. 
Como???
Não sei!!!

Na minha família, composta por mãe, pai, Carlinho e Claudio, e eu, claro; apareceu um toca discos movido a pilhas “rayovac”…rsrsrsrs

Bem, eu precisava de algo pra girar ali, e, por óbvio, precisava ser o oposto, ao menos na minha cabecinha adolescente, da música que meu pai gostava de ouvir.

Numa das raras viagens à cidade, dei de cara com Abbey Road, e, também, não sei de onde surgiu um compacto simples de let it be, onde esta música estava dos dois lados daquela “bolachinha”.

Mais além, naquele segundo tempo dos anos setenta, apareceu uma televisão preta e branca, em nossa casa.  Ali naquela telinha encontrei o Portovisão, no canal 10, tv difusora de Porto Alegre, cuja abertura se dava diariamente às 11h, ao som de Vento Negro de Vítor Ramil e José Fogaça, e o programa de abertura era Fernando Vieira, um beatlemaniaco, com o Som das Discotecas. 

Ali, além dos Beatles, já uma paixão, aprendi a curtir Led Zepelim ( não entendia uma palavra na língua, mas Stairway to heaven me dizia que a androginia era algo muito bom), Santana e sua latinidade, Pink Floyd, Casa das Máquinas, Emerson Lake &Palmer, Almôndegas…, e a lista segue… rsrsrsr.


Bem, Beatles  “Because the world is round”, e,… também porque eu me encontrava sozinha em uma montanha de dificuldades adolescentes, e o som produzido por Paul McCartney, John Lennon, George e Ringo fazia eu imaginar que havia outro mundo… 


Eles me diziam “Let it be”… 


Não sei exatamente,… Talvez eu olhava para o mundo e notava girar, como o toca-discos que produzia aquele som que me dizia coisas para além da linguagem simbólica…


E onde me encontro hoje?




Acabo de sair do Show de Paul McCartney,  do Maracanã, e mais uma vez levo ele e eles pra casa…, já estive no Engenhão em 2011, veja aqui https://caosdepalavras.blogspot.com/2011/05/assistir-ao-show-do-paul-maccartney-no.html?m=1


Choro revisitando os momento,  ouvindo Let it Be, Golden Slumbers, Birthday, Hey Jude e o Na Na Na característico do Rio, reproduzido em cartazes…, assim como tantas outras que estiveram lá durante aquela duas horas e meia, e outras que não couberam naquele limite de tempo.


The Beatles cruza a minha história. 

Eu me apropriei destas músicas e transformei-as em canções alegres…,coloquei-as em baixo da minha pele, atravessaram meu coração e fizeram meu mundo melhor.


Viva!!!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Estamos adiando o fim do mundo mais uma vez.

Ao vasculhar as pegadas das viventes no mundo que habitamos, percebo que este sempre esteve para acabar e a cada período vamos nos revezando para abrir espaço e empurrar mais pra frente este prenúncio de fatalidade. E, cá entre nós, esta tarefa tem sido muito com a marca de mulher, não só porque somos as que gestam e parem os novos viventes... mas  porque somos nós que nascemos com a dor construída dentro de nós, inside, que vai além de parir,  e por isso não queremos outras dores, aquelas culturais, como falta de comida, como inexistência de abrigo, como guerra, entre outras tantas que matam as mulheres e os filhos das mulheres em primeiro lugar... (Será isso??)

 Ao que me parece, atravessada por esta percepção de uma “porção mulher que trago em mim agora”, a construção destas dores culturais enumeradas precariamente logo aqui atrás, ... são dores de homem, são dores construídas fora, outside, pelo patriarcado, que é masculino. Parece que homem não nasce com dores intrínsecas, “in”, e, em função disso, devem sentir necessidade de fabricá-las...( Pois então?!?!)

Ouvi em uma fala de Gilberto Gil, de quem roubo algumas palavras gotejadas aqui neste texto, que “o mundo precisa ser mais gay”, e..., penso eu, que uma nova civilidade, mais do que nunca neste momento, passa por estas nuances do pensamento sensível, e que este pode desconstruir o pensamento simbólico, pensamento que vive "a ilusão de que ser homem" basta, pois parece que este pensamento não dá conta de expressar os outros modos de habitação.  - Confesso que vivi um bom tempo neste lugar de ilusão, já até narrei em algum lugar por aqui e acolá, que passei embaixo do arco-íris várias vezes...(Pode isso?!...rsrsrs)

Pois eu sinto agora aquele “bruma leve das paixões que vem...” deste espaço que acabamos
de abrir, naquele ponto onde o céu encontra a terra e fazem juntos aquela curva arredondada, cheia de reconvexos,... lá onde os meus olhos alcançam e.. não alcançam mais. O espectro sombrio que esteve rondando foi empurrado para mais além e precisamos de muita arte para adiar... e adiar...e adiar... o fim do mundo. Precisamos segurar com muita força, disposição e alegria para que a bruma leve se torne aquele vento, aquela chuva que cai mansa e lava toda as dores ruins que não queremos que voltem jamais.



domingo, 16 de outubro de 2022

Meu gurizinho


 Esta fotografia, tirada em plena ditadura militar. Eu estava na 3ª ano primário e você no 1º ano daquele 1973. Eu tinha uns nove anos e tudo aquilo de esquisito e transtornante que marcou minha vida estava acontecendo. 

Você era lindo, inocente e de uma simpatia estonteante, e nada tinha a ver com as maldades do mundo. Todos e todas nós te amávamos muito. 

Com certeza você era o mais lindo de nós três.

 Espero que você tenha saído ileso daquele mundo bruto...

Nossas vidas continuam, cada um de nós três seguindo um sonho que nos alenta e nos mantém vivos... 

Estamos bem.

sábado, 31 de julho de 2021

CASA É AMIGA

 



O poeta diz: “Amigo é feito casa que se faz aos poucos E com paciência pra durar pra sempre” (...)

 Neste embalo, posso dizer que esta definição do poeta é muito verdadeira, e que o inverso também faz sentido: “Casa é feito amiga que se faz aos poucos, e com paciência pra durar pra sempre.”

Bem, estou neste empenho...rsrsrs..., Sou uma pessoa movida pela paixão, não consigo fazer nada se não me apaixonar perdidamente...rsrsrsr

O meio ambiente, os bichos, as plantas, a vida brotando e explodindo nos lamaçais quentes das beiras dos rios, as águas....,Ah!!!! As águas sempre foram minha paixão. As águas dos rios, livres correndo, com seus conflitos internos, lutando por espaços entre as margens e nas passagens pedregosas, com aquele universo de seres que respiram diferente da gente.... Onde as águas formam poças e se acalmam da correria, é o lugar que eu me deito de costas e miro o céu, as nuvens, as árvores do entorno, até onde o ângulo de visão dos meus olhos, sob minha cabeça semi submersa, alcançarem.

Pois então!... Mais uma paixão me despertou com intensidade. Trata-se de uma amiga que precisa nascer, mas deixar os demais seres viventes cumprirem também suas existências. Esta amiga com certeza irá nos (eu e demais seres viventes) "acolher, recolher e agasalhar oferecer lugar pra dormir e comer"...

Vamos seguindo, curtindo e processando... E neste movimento impulsionado pela paixão, que felicidade extraordinária cruzar meu olhar com o olhar profundo e paciente deste rapaz chamado Marcelo Bueno do IPEMA – Instituto de Permaculatura e Ecovilas Mata Atlântica - http://ipemabrasil.org.br/.

Minha amiga começa a ganhar feição e afeição.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Sexta-feira fria, com ventania à gosto


Agosto é exagerado, como tudo que se faz "à gosto":
... coloque pimenta  agosto; incêndio a boca,
... sal agosto; mar morto com certeza...

Penso que a receita deste mês ficou sem nome no meio das outras, e que, muito provavelmente, já ficou deixada de lado, para finalizar depois, pra pensar melhor, porque não havia dado muito bom resultado, enfim ...

Vejam só Janeiro, Novembro, Dezembro, Setembro..., que cheiro bom, que beleza de finalização. OUTUBRO,...Nooossa!  é de encher a boca para degustar este nome. Fevereiro, caramba! Que sonoridade,... escute só este som no início da palavra inventada para lhe dar nome, FEVE..., é a cara do próprio mês, pura alegria e leveza, como  a música e a dança de Antônio da Nóbraga.
 Já Junho, Julho, meses escuros e meio amargos, sombrios, quase gêmeos, tem cheiro de fogo e som do crepitar da madeira seca, mas têm sabor marcante , porém precisa tomar com muito cuidado porque pode causar queimaduras.

Mas é  óbvio que tem uns outros meses que ficaram meio perdido neste receituário, como é o caso de Março, mês com sabor meio opressivo; Maio, parece laranja do céu, é doce demais, na receita deste deve estar escrito:...adoçante a vontade. Abril, um tanto quanto insosso,... com certeza na receita está: ..uma pitada de sal... e os dedos de quem o fez eram muito pequeninos.
 


Mas Agosto, quando experimentamos sempre torcemos o nariz, enrugamos, a testa e esprememos a boca com língua entre os dentes... é tudo demais ou sem nada: dias agosto, vento agosto, folhas de sibipiruna a gosto,  nem uma pitada de dia santo... A gente engole este mês só porque não tem outro jeito mesmo.

Se agosto fosse gente, seria como eu estou agora nesta fase do confinamento: implicante e ranzinza.


segunda-feira, 15 de junho de 2020

ANA LÚCIA

Resolvi recuperar esta postagem que fiz no feicibuke ano passado, mais propriamente no dia 29 de agosto de 2019. 

Estava em uma semana agitada e, ao finalizar uma das tarefas semanais, senti saudades imensa da estufa familiar, então fui para o lugar que melhor acolhe um ser vivente.

Agora não posso ir ate você, Analúcia, então vou rememorar a delícia deste dia.

 
 

Minhas férias na casa da Ana Lucia.

 
Hoje me senti cansada.
Após rodar uns 650 km na região, parando de escola em escola, conversando com as companheiras e companheiros de trabalho sobre as boas lutas, o período de nuvens pesadas que vamos atravessar, aulas no período matutino e noturno, reposições da greve, provas e trabalhos a aplicar,...affff. Ontem a noite, na hora de dormir, senti que estava apertando o meu cérebro, como diz o meu mano Cláudio... Rsrsrs.
Fiz tudo o que tinha que fazer até as 17:30 de hoje, sai do trabalho e senti uma vontade imensa de CASA. Fui na Ana Lúcia, ou A NÁLUCIA (tudo junto, como eu pensava que era quando criança... KKKK)
Cheguei com o Rocinante e, antes de desligar o motor, ouvi de dentro da casa: 
 
- A    N E E E E U U S A A A A A A!!!!!!!!!
 
Nossa!! Um NEUSA que eu ouvia da minha mãe quando eu chegava depois de tempo longe. Tal qual aquele que um dia ouvi quando cheguei a Carazinho e ela, andando pelo gramado em torno da casa, me reconheceu pela última vez.
Então, HOJE EU CHEGUEI EM CASA depois do trabalho, e descansei, e tomei um dos melhores cafés da minha vida, e conversei descansadamente com a minha ancestralidade que me quer muito bem, que sinceramente, realmente, de verdade, fica muito feliz quando me vê . Aquela pessoa cujo olhar dá uma festa na hora que a eu chego.
Estou voltando da temporada de férias que durou das 18 às 20 horas do dia de hoje.

domingo, 14 de junho de 2020

A neusa e a maria


A maria que acompanha a neusa é quase um adereço esquecido.
Vez ou outra lembro dela quando quero recriminar algum mal feito da neusa.

- Olha só o que a NEUSA MARIA fez:  derramou tinta vermelha sobre o banco traseiro do Sandero..

Geralmente os sobrenomes que se agregam à neusa ao longo da estrada também esquecem a maria: é a neusa da Almerinda,  neusa do DCE, neusa do PT, neusa do Conselho,  neusa de Mamborê,  neusa do Jadi da Retimam (este foi o sobrenome mais esquisito, ainda bem que não pegou...rsrsrs),  neusa do Teatro, neusa da APP..., e a maria sempre esquecida.

Porém ela está ali, testemunhando toda a andadura da neusa, os traços e as “meias coisas” realizadas que vão sendo deixadas à beira da estrada..., e os novos traços acrescentados à neusa primitiva.

 - Seriam elas ou é a estrada que passa...?!?!