quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Riso encabulado

Cachorro sem rabo tem o mesmo riso acanhado de um adulto sem dentes.

A la Boal

CENA 1
(As duas garotas se despedem na sala, ou em frente a casa de GABI)
BIA – Gabi, você vai na casa da Lu tomar tererê hoje?
GABI – Não dá Bia. O meu pai chega bêbado sempre e começa a implicar e bater na gente sem nenhum motivo, imagina seu eu for sem avisar antes.
BIA – Hummm!!!! – Que pena! ... Mas você que sabe da tua vida. Tchau, até amanhã na escola, então.
GABI – Tchau Bia
CENA 2
GABI – Mãâee!! Eu tô com fome. O que tem ai pra eu comer?
MÃE – Ah!!! Filhota... Sei lá!? Vê ai na geladeira... O Jantar tá quase pronto
GABI - Hummmm!?!?... Acho que vou tomar um leite e esperar o jantar.
(Liga a TV e senta-se no sofá)
GABI – Mãe! A Bia queria que eu fosse com ela tomar Tererê na casa da Lu. Será que se eu fosse o pai ia ficar muito brabo?
MÃE - É melhor você não ir filha. Você sabe como é teu pai quando tá com uns gole a mais na cabeça. Já chega batendo em todo mundo sem motivo, imagina se ele achar um motivo pra isso!!!...
GABI – Que droga!!! Sempre a mesma história!!! E por falar no diabo.....
PAI – Que isso menina.... Fica chamando, o “dianho” entra nesta casa...
GABI – Só se entrar no seu corpo pai, porque aqui ele não tem força pra entrá.
PAI – Mas que diabo de menina “bocuda”, Você não dá educação pra esta peste “muié”
(tira a cinta e começa a bater na garota e a mãe entra no meio para socorrer a filha)
CENA 3
(No dia seguinte pela manhã na sala de aula)
PROFESSORA – Agora vocês formem grupo de cinco alunos para ler o texto e depois fazermos um seminário com relatos das histórias e discussão com a sala toda.
ALUNO 1 – professora! (rindo) Você já viu a marca de cinta no braço da Gabi?
GABI – É verdade professora. O meu pai me bateu ontem a noite e o meu braço tá dolorido.
PROFESSORA1 – Creeedo Gabi!!! Que coisa doida!!! Por que ele te bateu? Deixa eu ver o teu braço?
GABI (tirando a blusa pra mostrar o braço à professora) – Ah! Professora, ele é assim... Chega bêbado e bate na gente sem motivo. É que eu disse que o diabo só podia entrar no corpo dele, por que em casa ele não tinha força de entrar.... Ai ele ficou brabo e me bateu. E teria batido mais se a minha mãe não entrasse no meio.
PROFESSORA 1 – Nossa Gabi!! Que loucura
ALUNO 1 – (Rindo) E o diabo entrou nele mesmo, Hein!!!... hehehe
GABI – (Rindo também) Hehehe!.. É mesmo.. , o Diabo entrou nele. Hehehe! ... Mas da próxima vez eu vou bater nele professora.
PROFESSORA 1 – Mas Gabi, isto não resolve a situação. Ele é mais forte do que você. Pode acontecer coisa pior.
(Dá o sinal para o intervalo e todos saem)

Resgatada em maio de 2010

QUINTANEANDO

Dia desses, Aline estava preguiçosamente estirada na rede, com um dos braços dependurados para fora, cuja mão, a cada balanço, roçava carinhosamente a cabeça e parte do corpo da cachorrinha Pandora que desfrutava daquele prazer cochilando na tarde quente dos últimos dias de dezembro. Até que foi apanhada de surpresa pelo tombo de um passarinho que despencou do ninho, construído habilmente entre as conexões de uma calha no telhado da varanda. Mas era tão pequenininho e inocente, e tinha as penas tão arrepiadinhas que Aline se compadeceu . Pegou uma caixinha de sapatos, forrou cuidadosamente com roupas velhas. Depois aninhou o com muito jeito lá, para que o animalzinho se recuperasse no quente. E desde então toda a atenção da Aline voltava-se para aquela pequena criaturinha. Alimentava-a de hora em hora com um preparado de ração para pequenas aves. Quando a Aline passava o bichinho a acompanhava com o biquinho aberto e ruídos exigentes. Até Pandora ficava curiosamente admirando aquelas cenas, com as orelha em pé, o rabo balançando com certa restrição e as narinas aguçadas, tentando captar o cheiro daquele frágil ser vivente. Ora, naquela manhã, de sábado a pequena ave despertou cambaleante, talvez o barulho dos fogos de artifícios do reveillon fora insuportável a sua aguçada percepção sonora. Eis que os olhos da Aline ficaram marejados, e disse então ao passarinho: “Vou guardar-te comigo, para que o calor do meu corpo possa recuperar-te a força para alimentar-te novamente. A impossibilidade de devolver-te a tua família, e a tua fragilidade requer de mim este esforço.” A andorinhazinha respondeu, ao que parecia, satisfatoriamente a aquele cuidado. Porém, na manhã daquele domingo, a frágil vida escapava lentamente daquele pequenino corpo recoberto de plumagens acinzentadas, o qual fora então se aquietando, se aquietando.... até que morreu sem conseguir voar...

Qualquer semelhança é verdade mesmo. Meu passarinho cuidou desta andorinhazinha

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vida feliz em 2011

Ano novo tem cheiro bom - traz sempre aquele aroma de noz moscada e canela de uma cuca recém saida do forno e que o generoso, bom e velho vento se encarrega de resgatar através das janelas e portas das casas que se abrem carregadas de alvissareiras promessas;
E o ano novo é um bom tempo para observar...Vamos sair com o vento caminhador pelas ruas, estradas, morros, ladeiras, em busca dos espaços e das gentes que ai estão com suas belas histórias a serem contadas.
Vamos pegar a bicicleta, acompanhar o vento e fazer de 2011 uma vida muito feliz.