quarta-feira, 15 de junho de 2011

ESTOY “RAMILONGANDO”

Acabei de adquirir o disco DÉLIBÁB de Vitor Ramil e estou degustando esta delicia. Vitor Ramil promoveu um encontro de dois poetas do clima frio do sul do continente. Um deles, o poeta Argentino Jorge Luis Borges; o outro, o poeta brasileiro, nascido e criado em Alegrete-RS, João da Cunha Vargas. Vitor “RAMILONGOU” as poesias do argentino, publicadas em “Para las Seis Cuerdas” e, possivelmente, toda a obra escrita do brasileiro, já que este não costumava escrever suas poesias, era um poeta da tradição oral, um “payador”.
Com certeza, os acordes da guitarra sugerida por Borges no prólogo do livro de “milongas”, estavam aguardando por Vitor Ramil, e foram completadas e trazidas até nós em DELIBAB. Esta sonoridade só poderia ser captada por alguém com a sensibilidade deste poeta, escritor e músico de Pelotas, que de forma excepcional , consegue traduzir, em uma linguagem universal , a forma como aqueles que brotam neste espaço mais ao sul do continente, percebem as coisas, os acontecimentos, música e a poesia que ali se dá.


DÉLIBAB
Vitor Ramil, no DVD que acompanha o CD , explica que DÉLIBÁB é um fenômeno extraordinário da planície húngara, tão semelhante às planícies do sul do nosso continente. Único em seu gênero, este tipo de espelhismo transporta paisagens muito distantes a horizontes quase desérticos, reproduzindo ante os olhos maravilhados do observador, em dias de calor, o desenvolvimento de cenas distantes. Quadros curiosíssimos que cobrem o horizonte em enormes projeções. E suas imagens são planas, nunca invertidas, nítidas, claríssimas. Este fenômeno ótico é devido à refração desigual dos raios solares nas camadas de ar, de temperatura e rarefação diferentes. A imagem passa por diversas regiões de atmosfera de diferente densidade, até projetar-se sobre o horizonte da planície.

RAMILONGAR
Esta ação é possível? Eu acredito que sim, pois estou ramilongando e sentindo na pele o arrepio,nos ouvidos a melodia que serpenteia nas ondulações do pampa, na boca o sabor suave do mate amargo, nas narinas o cheiro da erva verde e o perfume das macegas das coxilias trazidas pelo vento caminhador e no olhar a delibab (eu sinto que este substantivo é feminino).

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