quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

QUINTANEANDO

Dia desses, Aline estava preguiçosamente estirada na rede, com um dos braços dependurados para fora, cuja mão, a cada balanço, roçava carinhosamente a cabeça e parte do corpo da cachorrinha Pandora que desfrutava daquele prazer cochilando na tarde quente dos últimos dias de dezembro. Até que foi apanhada de surpresa pelo tombo de um passarinho que despencou do ninho, construído habilmente entre as conexões de uma calha no telhado da varanda. Mas era tão pequenininho e inocente, e tinha as penas tão arrepiadinhas que Aline se compadeceu . Pegou uma caixinha de sapatos, forrou cuidadosamente com roupas velhas. Depois aninhou o com muito jeito lá, para que o animalzinho se recuperasse no quente. E desde então toda a atenção da Aline voltava-se para aquela pequena criaturinha. Alimentava-a de hora em hora com um preparado de ração para pequenas aves. Quando a Aline passava o bichinho a acompanhava com o biquinho aberto e ruídos exigentes. Até Pandora ficava curiosamente admirando aquelas cenas, com as orelha em pé, o rabo balançando com certa restrição e as narinas aguçadas, tentando captar o cheiro daquele frágil ser vivente. Ora, naquela manhã, de sábado a pequena ave despertou cambaleante, talvez o barulho dos fogos de artifícios do reveillon fora insuportável a sua aguçada percepção sonora. Eis que os olhos da Aline ficaram marejados, e disse então ao passarinho: “Vou guardar-te comigo, para que o calor do meu corpo possa recuperar-te a força para alimentar-te novamente. A impossibilidade de devolver-te a tua família, e a tua fragilidade requer de mim este esforço.” A andorinhazinha respondeu, ao que parecia, satisfatoriamente a aquele cuidado. Porém, na manhã daquele domingo, a frágil vida escapava lentamente daquele pequenino corpo recoberto de plumagens acinzentadas, o qual fora então se aquietando, se aquietando.... até que morreu sem conseguir voar...

Qualquer semelhança é verdade mesmo. Meu passarinho cuidou desta andorinhazinha

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