quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Ainda estou aqui..., ou Ainda estamos aqui...?

 


 


Lendo sobre o filme que fala da Eunice, me senti tão representada. É  tão brasileiro e tão real...

A gente ainda vive isso,.. e tudo isso.

A gente continua sendo atropelada.

 

Chorei muito lendo sobre o que o menino Marcelo escreveu sobre o filme e as coisas, os cheiros, as cores que ele reviu...

 

Rolando a página do facebook do menino Marcelo me deparei com o atropelamento da Dilma..., lembrei o quanto chorei naquele dia também..., e o quanto lutamos naqueles anos...

 

Talvez não escorra o sangue vermelho das feridas abertas pela tortura física daqueles que lideram, mas continuamos derramando muito sangue anônimo, sangue daqueles e aquelas que não consomem, só atrapalham...,

 

E trator segue atropelando para as beiradas da terra plana..., mas ainda estamos aqui!



domingo, 25 de agosto de 2024

QUEM SABE?!… um novo sobrenome


Não tenho certeza, por óbvio,... Estou só começando...


Mas como meus sobrenomes vão se agregando de acordo com as minhas paixões https://caosdepalavras.blogspot.com/2020/06/a-neusa-e-maria_14.html?m=1posso dizer que neste pós pandemia, o que me move tem ligação com a natureza, com o cultivo de parte da minha própria alimentação de forma mais orgânica, com a desaceleração dos passos... 


O ritmo da vida urbana tem a capacidade de neutralizar os sentidos, as conexões são mais restritas, começamos a ficar míope, aumentar a velocidade dos passos, olhando mais para o chão ou para tela minúscula, com os ouvidos moucos para o derredor. Nossa percepção começa a ficar alterada: o que é limpeza? o que é sujeira? Limpeza é o papel alumínio, o isopor, o filme plástico que embrulha o produto comestível que eu ingiro?

A vida urbana consome o tempo e os sentidos.

 

Estou aprendendo com a permacultura aos poucos,  que eu consigo:

produzir boa parte do meu alimento com qualidade, 

otimizar espaços, 

observar os ritmos da natureza, diminuir o ritmo dos meus passos, 

ter mais qualidade no tempo, 

olhar mais longe, 

pensar mais com os sentidos...

 

Fiz laboratório no quintal de Mamborê, recuperei um terreno estéril, produzi muita coisa, descobri que a terra tem pele e que é preciso proteger a pele da terra,  cobrindo-a, alimentando-a, como faz a natureza. 

 


Mudei minha residência para a chácara Pé da Serra, em Campo Mourão e ampliei o espaço do cultivo,  a produção de hortaliças vem sendo bem sucedida nestes dois últimos anos. 


Conheci os estudos da Ana Primavesi e Primavera Silenciosa da Rachel Carson, coloquei em prática os ensinamentos do João e da Tati da escola Rama de Permacultura.


Neste ano de 2024 descobri o cogumelo shiitake cultivado em toras,  produzido em sistema de agrofloresta. Estou aprendendo com a Pronobis Agroflorestal.


 
Um novo brilho no olhar iluminou meu horizonte: não estou mais interessada em produzir só para meu próprio consumo, mas sim, em ampliar a busca de melhoria da qualidade da alimentação e, consequentemente, da vida das pessoas e dos demais viventes, neste pequeno mundo que me circunda, além, é claro, de agregar uma nova fonte de renda neste momento em que se aproxima a transição de atividade profissional.


Não sei viver sem paixão.  

Observar a natureza e reproduzir seu ciclo natural é o meu movimento. 

Vamos ver o que virá deste mover-se no mundo agora.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Um Beatle: Paul McCartney

 


Era eu uma adolescente quando a banda Beatles apareceu na minha vida. 
Como???
Não sei!!!

Na minha família, composta por mãe, pai, Carlinho e Claudio, e eu, claro; apareceu um toca discos movido a pilhas “rayovac”…rsrsrsrs

Bem, eu precisava de algo pra girar ali, e, por óbvio, precisava ser o oposto, ao menos na minha cabecinha adolescente, da música que meu pai gostava de ouvir.

Numa das raras viagens à cidade, dei de cara com Abbey Road, e, também, não sei de onde surgiu um compacto simples de let it be, onde esta música estava dos dois lados daquela “bolachinha”.

Mais além, naquele segundo tempo dos anos setenta, apareceu uma televisão preta e branca, em nossa casa.  Ali naquela telinha encontrei o Portovisão, no canal 10, tv difusora de Porto Alegre, cuja abertura se dava diariamente às 11h, ao som de Vento Negro de Vítor Ramil e José Fogaça, e o programa de abertura era Fernando Vieira, um beatlemaniaco, com o Som das Discotecas. 

Ali, além dos Beatles, já uma paixão, aprendi a curtir Led Zepelim ( não entendia uma palavra na língua, mas Stairway to heaven me dizia que a androginia era algo muito bom), Santana e sua latinidade, Pink Floyd, Casa das Máquinas, Emerson Lake &Palmer, Almôndegas…, e a lista segue… rsrsrsr.


Bem, Beatles  “Because the world is round”, e,… também porque eu me encontrava sozinha em uma montanha de dificuldades adolescentes, e o som produzido por Paul McCartney, John Lennon, George e Ringo fazia eu imaginar que havia outro mundo… 


Eles me diziam “Let it be”… 


Não sei exatamente,… Talvez eu olhava para o mundo e notava girar, como o toca-discos que produzia aquele som que me dizia coisas para além da linguagem simbólica…


E onde me encontro hoje?




Acabo de sair do Show de Paul McCartney,  do Maracanã, e mais uma vez levo ele e eles pra casa…, já estive no Engenhão em 2011, veja aqui https://caosdepalavras.blogspot.com/2011/05/assistir-ao-show-do-paul-maccartney-no.html?m=1


Choro revisitando os momento,  ouvindo Let it Be, Golden Slumbers, Birthday, Hey Jude e o Na Na Na característico do Rio, reproduzido em cartazes…, assim como tantas outras que estiveram lá durante aquela duas horas e meia, e outras que não couberam naquele limite de tempo.


The Beatles cruza a minha história. 

Eu me apropriei destas músicas e transformei-as em canções alegres…,coloquei-as em baixo da minha pele, atravessaram meu coração e fizeram meu mundo melhor.


Viva!!!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Estamos adiando o fim do mundo mais uma vez.

Ao vasculhar as pegadas das viventes no mundo que habitamos, percebo que este sempre esteve para acabar e a cada período vamos nos revezando para abrir espaço e empurrar mais pra frente este prenúncio de fatalidade. E, cá entre nós, esta tarefa tem sido muito com a marca de mulher, não só porque somos as que gestam e parem os novos viventes... mas  porque somos nós que nascemos com a dor construída dentro de nós, inside, que vai além de parir,  e por isso não queremos outras dores, aquelas culturais, como falta de comida, como inexistência de abrigo, como guerra, entre outras tantas que matam as mulheres e os filhos das mulheres em primeiro lugar... (Será isso??)

 Ao que me parece, atravessada por esta percepção de uma “porção mulher que trago em mim agora”, a construção destas dores culturais enumeradas precariamente logo aqui atrás, ... são dores de homem, são dores construídas fora, outside, pelo patriarcado, que é masculino. Parece que homem não nasce com dores intrínsecas, “in”, e, em função disso, devem sentir necessidade de fabricá-las...( Pois então?!?!)

Ouvi em uma fala de Gilberto Gil, de quem roubo algumas palavras gotejadas aqui neste texto, que “o mundo precisa ser mais gay”, e..., penso eu, que uma nova civilidade, mais do que nunca neste momento, passa por estas nuances do pensamento sensível, e que este pode desconstruir o pensamento simbólico, pensamento que vive "a ilusão de que ser homem" basta, pois parece que este pensamento não dá conta de expressar os outros modos de habitação.  - Confesso que vivi um bom tempo neste lugar de ilusão, já até narrei em algum lugar por aqui e acolá, que passei embaixo do arco-íris várias vezes...(Pode isso?!...rsrsrs)

Pois eu sinto agora aquele “bruma leve das paixões que vem...” deste espaço que acabamos
de abrir, naquele ponto onde o céu encontra a terra e fazem juntos aquela curva arredondada, cheia de reconvexos,... lá onde os meus olhos alcançam e.. não alcançam mais. O espectro sombrio que esteve rondando foi empurrado para mais além e precisamos de muita arte para adiar... e adiar...e adiar... o fim do mundo. Precisamos segurar com muita força, disposição e alegria para que a bruma leve se torne aquele vento, aquela chuva que cai mansa e lava toda as dores ruins que não queremos que voltem jamais.



domingo, 16 de outubro de 2022

Meu gurizinho


 Esta fotografia, tirada em plena ditadura militar. Eu estava na 3ª ano primário e você no 1º ano daquele 1973. Eu tinha uns nove anos e tudo aquilo de esquisito e transtornante que marcou minha vida estava acontecendo. 

Você era lindo, inocente e de uma simpatia estonteante, e nada tinha a ver com as maldades do mundo. Todos e todas nós te amávamos muito. 

Com certeza você era o mais lindo de nós três.

 Espero que você tenha saído ileso daquele mundo bruto...

Nossas vidas continuam, cada um de nós três seguindo um sonho que nos alenta e nos mantém vivos... 

Estamos bem.

sábado, 31 de julho de 2021

CASA É AMIGA

 



O poeta diz: “Amigo é feito casa que se faz aos poucos E com paciência pra durar pra sempre” (...)

 Neste embalo, posso dizer que esta definição do poeta é muito verdadeira, e que o inverso também faz sentido: “Casa é feito amiga que se faz aos poucos, e com paciência pra durar pra sempre.”

Bem, estou neste empenho...rsrsrs..., Sou uma pessoa movida pela paixão, não consigo fazer nada se não me apaixonar perdidamente...rsrsrsr

O meio ambiente, os bichos, as plantas, a vida brotando e explodindo nos lamaçais quentes das beiras dos rios, as águas....,Ah!!!! As águas sempre foram minha paixão. As águas dos rios, livres correndo, com seus conflitos internos, lutando por espaços entre as margens e nas passagens pedregosas, com aquele universo de seres que respiram diferente da gente.... Onde as águas formam poças e se acalmam da correria, é o lugar que eu me deito de costas e miro o céu, as nuvens, as árvores do entorno, até onde o ângulo de visão dos meus olhos, sob minha cabeça semi submersa, alcançarem.

Pois então!... Mais uma paixão me despertou com intensidade. Trata-se de uma amiga que precisa nascer, mas deixar os demais seres viventes cumprirem também suas existências. Esta amiga com certeza irá nos (eu e demais seres viventes) "acolher, recolher e agasalhar oferecer lugar pra dormir e comer"...

Vamos seguindo, curtindo e processando... E neste movimento impulsionado pela paixão, que felicidade extraordinária cruzar meu olhar com o olhar profundo e paciente deste rapaz chamado Marcelo Bueno do IPEMA – Instituto de Permaculatura e Ecovilas Mata Atlântica - http://ipemabrasil.org.br/.

Minha amiga começa a ganhar feição e afeição.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Sexta-feira fria, com ventania à gosto


Agosto é exagerado, como tudo que se faz "à gosto":
... coloque pimenta  agosto; incêndio a boca,
... sal agosto; mar morto com certeza...

Penso que a receita deste mês ficou sem nome no meio das outras, e que, muito provavelmente, já ficou deixada de lado, para finalizar depois, pra pensar melhor, porque não havia dado muito bom resultado, enfim ...

Vejam só Janeiro, Novembro, Dezembro, Setembro..., que cheiro bom, que beleza de finalização. OUTUBRO,...Nooossa!  é de encher a boca para degustar este nome. Fevereiro, caramba! Que sonoridade,... escute só este som no início da palavra inventada para lhe dar nome, FEVE..., é a cara do próprio mês, pura alegria e leveza, como  a música e a dança de Antônio da Nóbraga.
 Já Junho, Julho, meses escuros e meio amargos, sombrios, quase gêmeos, tem cheiro de fogo e som do crepitar da madeira seca, mas têm sabor marcante , porém precisa tomar com muito cuidado porque pode causar queimaduras.

Mas é  óbvio que tem uns outros meses que ficaram meio perdido neste receituário, como é o caso de Março, mês com sabor meio opressivo; Maio, parece laranja do céu, é doce demais, na receita deste deve estar escrito:...adoçante a vontade. Abril, um tanto quanto insosso,... com certeza na receita está: ..uma pitada de sal... e os dedos de quem o fez eram muito pequeninos.
 


Mas Agosto, quando experimentamos sempre torcemos o nariz, enrugamos, a testa e esprememos a boca com língua entre os dentes... é tudo demais ou sem nada: dias agosto, vento agosto, folhas de sibipiruna a gosto,  nem uma pitada de dia santo... A gente engole este mês só porque não tem outro jeito mesmo.

Se agosto fosse gente, seria como eu estou agora nesta fase do confinamento: implicante e ranzinza.