Super gosto do que esta menina escreve, mas quero republicar em especial este post retirado de: http://generoaderiva.wordpress.com/2013/05/05/a-genitalizacao-das-pessoas-e-dos-relacionamentos/ , porque acho que é bem por ai mesmo.
[Aviso de conteúdo: Esse texto usa certos termos para
identificar genitais de pessoas trans*; faço uma ressalva que nem todas
as pessoas trans* se sentem confortáveis com tais nomenclaturas, havendo
aquelas que se sentem empoderadas e aquelas que sentem disforia. Esse
texto parte da visão de uma mulher trans* queer que se sente empoderada
em identificar o próprio genital com certos termos].
Muitas pessoas me perguntam no ASK se elas têm preconceito porque não
se relacionariam com mulheres ou homens trans*, sempre fazendo alusão
ao genital. Muitas acham que defender a não-genitalização dos
relacionamentos é fazer condicionamento de sexualidades. Nada poderia
estar mais longe do que isso. O único condicionamento que consigo
perceber nisso é a ideia de que o genital é uma categoria fundante das
relações interpessoais. Que se um genital não condiz com as minhas
expectativas de gênero da pessoa com a qual eu quero me relacionar, isso
é um motivo legítimo para eu ignorar todos os meus sentimentos afetivos
(e sexuais) pela pessoa e não me relacionar com ela. Vou dar alguns
exemplos:
1. Expectativas físicas gerais ocorrem em vários casos com pessoas
que não são trans* e isso é considerado preconceito (ou deveria…)
Imagine que você na internet, conhece aquela pessoa maravilhosa e
conversa horas, dias, semanas com ela, super se interessa, seus gostos
tem tudo a ver, afinidade ideológica etc. De repente, quando você a
encontra pessoalmente você verifica que:
a) ela é gorda; b) com alguma deficiência; c) negra
Então você escolhe não se relacionar com ela. Isso seria gordofobia?
Capacitismo? Racismo? Se o motivo pelo qual você escolhe não se
relacionar com uma pessoa é um atributo físico (nesse caso não
esperado), prezada pessoa, você tem preconceitos que precisam ser
trabalhados.
2. Expectativas físicas específicas com genitais ocorrem em vários casos com pessoas que não são trans* e isso é considerado preconceito (ou deveria…)
Agora, imagine a seguinte situação: Você mulher heterossexual,
conhece aquele homem cis super legal que te atrai (feminista :P), tem
boa conversa, afinidades etc. Conversam por dias, semanas.
Posteriormente você fica ciente do seguinte:
a) ele tem um micropênis e/ou; b) ele é impotente ou; c) tem o
genital mutilado/perdido por algum fator (existem vários casos do tipo).
Você deixaria de se relacionar com uma pessoa assim? Voltaria atrás
nos seus sentimentos, em toda construção romântica que você criou
durante o tempo que vocês estavam juntxs, por causa do genital desse
homem? Da mesma forma, um homem hétero deixaria de relacionar com uma
mulher cis que tivesse perdido os seios, por exemplo?
3. Mas e o prazer?
Eu sempre digo que sexo é infinitamente muito mais do que só
penetração. O que as pessoas chamam de “preliminares” eu considero sexo;
até porque, vamos combinar, quem é que nunca achou uma gozada por sexo
oral ou masturbação muito melhor do que sexo penetrativo? Eu
particularmente acho :D
Há muito mais além do arco-íris gente, existem inúmeras formas de dar
e receber prazer que não precisam envolver penetração. Acontece que
estamos tão centradxs no sexo dos filmes pornôs que queremos mimetizar
aquilo como se fosse a melhor coisa do mundo (dica: não é. Por exemplo,
puxar cabelos e usar seios como se fossem botões de máquinas de lavar –
isso não é um padrão amigxs, tem gente que gosta; tem gente que odeia).
Ainda, se o sexo penetrativo for tão importante, tem zilhões de dildos,
pênis de borrachas, próteses, e afins que servem pra isso. O que
acontece é que colocamos uma importância tão grande nos genitais
“originais” que esquecemos que o “objetivo”, digamos, do sexo é dar
prazer, te fazer sentir bem (e ser consensual não vamos esquecer).
4. Homossexualidade não requer simetria genital.
E nem heterossexualidade requer assimetria genital. Se eu sou uma
mulher trans* que não fiz cirurgia genital e possuo um pênis, e me
envolvo com uma mulher cis, é obvio que nossos genitais não serão
simétricos, mas isso não deixa de ser uma relacionamento lésbico. O
mesmo acontece com um homem hétero cis que se relacione com uma mulher
trans* com pênis. Genitais simétricos, mas heterossexualidade. Ainda,
poderia haver simetria genital com homossexualidade no caso de duas
mulheres trans* lésbicas ou dois homens trans* gays.
Quando retiramos dos genitais essa importância que damos fundante das
nossas relações, e retiramos essa “verdade” última das identidades (sou
gay então gosto de pênis; sou lésbica então gosto de vulvas etc.) e
desconstruímos essas ideias limitadas que relacionam
genital-gênero-sexualidade-relações, percebemos que existe um número
infinito de configurações aí fora. Só precisamos abrir a mente nos
deixarmos levar sem preconceitos.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Teatro nos bairros de Mamborê
Terá início neste 10 de agosto , sábado,
um novo projeto do Grupo Trapos em conjunto com o departamento de cultura do
município de Mamborê. Este projeto
levará o espetáculo O Caixeiro da
Taverna aos bairros da sede do município, a exemplo do que já aconteceu em anos
anteriores nos bairros da zona rural, e a programação terá início sempre as
14:00 horas, contando com oficinas de iniciação teatral dirigida a pessoas acima de 14 anos,
ministrada pelos integrantes do Grupo Trapos, e oficinas de leitura com
contação de histórias, sem limitação de faixa etária, oferecida pelo Comboio
Cultural (biblioteca itinerante) do município. A peça O Caixeiro da Taverna, de
Martins Pena, direção Carlos Soares, será levada ao palco, improvisado nas ruas
ou em espaços comunitários de cada bairro, sempre às 20:00, conforme o calendário
de eventos do município.
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